terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Na noite de dia 17, em Lisboa, rebentou uma bomba no Poço do Bispo e foi cortado o caminho-de-ferro em Xabregas, ao mesmo tempo que explodiam duas bombas na central eléctrica de Coimbra, colocada por anarquistas. Só na Marinha Grande, onde as lutas anteriores dos vidreiros tinham criado um ambiente propício, se foi mais longe: sob o impulso do sindicato (onde predominavam os comunistas), grupos de operários ocuparam o posto da GNR, o edifício da Câmara Municipal e os CTT, proclamando o «soviete da Marinha Grande». Tropas vindas de Leiria tomariam conta da vila poucas horas depois, ficando-se «greve geral insurreccional» por aí, com o governo a aproveitar para intensificar a caça aos libertários e comunistas.
Após a PVDE ter desmantelado as movimentações operárias, Salazar propôs, ao Conselho de Ministros, no dia 19, diversas medidas repressivas e sanções para os envolvidos nas acções da véspera. Considerados como participantes num «acto revolucionário», todos os dirigentes mas também qualquer mero aderente do movimento foram «sujeitos aos tribunais especiais». Numa nota oficiosa, o governo avisou também que iria «reprimir eficazmente a propaganda e as ideias dissolventes e atentatórias da moral pública e da ordem, bem como «promover a demissão de funcionários públicos» civis e militares envolvidos. Dos acontecimentos de 18 de Janeiro, resultou também a decisão de o governo criar, no sul de Angola, junto à foz do Cunene, um campo para os responsáveis revolucionários, e a vontade de erguer uma colónia penal em Cabo Verde. Esta viria a ser criada em 1936 no Tarrafal, para onde seriam enviados, logo em Setembro desse ano, os principais dirigentes detidos nos acontecimentos de 18 de Janeiro de 1934.

Entre os participantes no «18 de Janeiro de 1934», morreriam no campo de concentração do Tarrafal, Pedro Matos Filipe e Augusto Costa, em 1937, Arnaldo Simões Januário, em 1938, Casimiro Ferreira e Ernesto José Ribeiro, em 1941, Joaquim Montes, em 1943, Mário dos Santos Castelhano e Manuel Augusto da Costa, em 1945, bem como António Guerra, em 1948.

6 comentários:

  1. Querida alma de pássaro
    Tudo o que hoje existe (ou não) tem a ver com os que nos antecederam. Lógico que não teremos que fazer o mesmo que eles fizeram. Mas só o facto de os recordarmos e mostrar algum respeito pelos seus actos, é uma forma de lhes mostrar o quanto lhe estamos gratos.
    Beijinho

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  2. Filhota
    É bom ver que alguém de uma geração muitos anos após revele o interesse de não só falar, mas de escrever algo sobre o que foi o 18 de Janeiro de 1934 e sobre o fascimo. Muitos jovens ao ouvirem certas histórias sobre o antes do 25 de Abril de 1974 pensam que estamos a inventar.
    Beijinho Amo-te tanto (pa xempe)

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  3. Caros Folha Seca e Flor de Jasmim,
    Infelizmente,é verdade. Não há muitos jovens da minha geração a dar a devida importância a este e outros acontecimentos tão (ou mais) importantes,o que é de facto uma pena. Pois,é graças a acontecimentos como este e a gerações anteriores que a minha geração pode disfrutar da vida em liberdade e,muito importante,com livre expressão...
    Obrigado pelos vossos comentários,
    Beijinho

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  4. E que espermos que continue assim por todo o sempre...
    ès uma moçoila "de certo"
    Beijinhos / Tuquinha

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  5. Concordo plenamente com a Tuquinha
    JInhos fofos

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  6. Uma moçoila com 37 anos... Velha não sou,mas já vivi qualquer coisita. lol bjokas

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